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Posts Tagged ‘Problemas da Comunicação’

O meu filho tem dois anos e não fala…O que fazer?

10 de Fevereiro de 2015 Deixe um comentário

transferirPor Inês Carneiro e Marta Sousa, Terapeutas da Fala

Ao longo do desenvolvimento os pais saboreiam cada etapa e anseiam os próximos ganhos dos filhos. Ficam orgulhos quando estes os presenteiam com as suas conquistas e aprendizagens, quando conseguem sentar, gatinhar, andar, falar…

Muitas vezes os pais sentem-se impacientes e com dúvidas face ao desenvolvimento normal das crianças, tendendo a comparar o seu filho com as crianças que os rodeiam. Surgem, então, perguntas como “O meu filho tem dois anos, será que já devia falar?”, “Por que é que já disse algumas palavras e agora já não diz?”, “Por que razão as outras pessoas não entendem o que ele diz se eu percebo tudo?”, “Será que os sons que troca são normais para a idade?”.

Assim como o andar, para que a criança comece a falar é necessário a presença de outros pré-requisitos. Antes do surgimento das primeiras palavras é essencial que a criança já tenha desenvolvido competências comunicativas e linguísticas.

Comunicação, Linguagem e Fala são conceitos distintos que não devem ser confundidos.

Comunicação

Desde os primeiros dias de vida as crianças são capazes de comunicar as suas necessidades e afetos através do choro, do olhar e do sorriso intencional, bem como da partilha de brinquedos com os cuidadores, potenciando o desenvolvimento das relações interpessoais.

Linguagem

Através destas partilhas a criança começa a perceber o mundo que a rodeia. Inicialmente compreende conceitos e associa-os a objetos ou situações, progredindo para a compreensão de frases. Numa fase inicial a criança ainda não é capaz de produzir palavras, mas à medida que as suas competências linguísticas se tornam mais ricas e as suas competências oromotoras mais maduras a criança está apta para produzir as primeiras palavras.

Fala

A fala representa a forma de comunicação mais elaborada que a criança pode utilizar para expressar as suas aprendizagens e conhecimentos. Exige a ausência de alterações anatómicas e funcionais ao nível das estruturas envolvidas na produção de fala (ex: língua, palato, músculos faciais…), bem como competências linguísticas que lhe permitam falar sobre os seus interesses e as situações em que participa.

Para perceber se o seu filho segue um desenvolvimento “saudável” é importante atender a alguns marcos do desenvolvimento da comunicação, linguagem e fala.

0 – 1 Ano

Estabelece contacto ocular com os interlocutores durante as interações comunicativas; responde ao nome; chora, ri, balbucia em resposta ao interlocutor; reconhece nomes de familiares e alguns objetos da sua rotina; produz sílabas em sequência (ex: [pa pa pa]); gosta de jogos de esconde-esconde; associa objetos à função (ex: pega na escova para pentear); surgimento das primeiras palavras.

1 – 2 Anos

Compreende perguntas (ex: Onde está o papá?); reconhece partes do corpo;  faz jogos de faz-de-conta; diminui o uso de gestos e usa cada vez mais a fala para comunicar; expressa cerca de 30 palavras diferentes; junta dois elementos na tentativa de formar frases (ex: popó papá); até aos dois anos é esperado que já seja capaz de produzir todas as vogais e sons correspondentes às letras: <p,t,c,b,d,g,m,n e nh>.

2 – 3 Anos

Compreende e usa vocabulário mais diversificado; conversa usando frases simples com 3 a 4 palavras; expressa-se de forma cada vez mais clara; demonstra interesse em como e porquê as coisas funcionam; escuta e reconta pequenas histórias;

3 – 4 Anos

Brinca com outras crianças de forma mais apropriada; compreende noções temporais; reconta histórias cada vez mais longas; utiliza conjunções (ex: por isso, porque).

4 – 6 Anos

Vocabulário mais elaborado, preciso e abstrato; compreende utiliza conceitos de tempo (ex: hoje, amanhã, tarde, noite) e conceitos de quantidade (ex: mais/menos; gosta de brincar com sons e palavras (ex: dividir palavras em sílabas, lengalengas e rimas); define conceitos pela função e pela categoria (ex: a banana serve para comer e é uma fruta); até aos 5 anos é esperado que seja capaz de produzir os sons correspondentes às letras: <f,v,s,z,ch,j>;  os sons correspondentes às letras R, r e lh podem surgir depois dos 5 anos e os grupos e encontros consonânticos (ex: prato e corda) podem surgir até por volta dos 6 anos.

Há alguns sinais/comportamentos que podem auxiliá-lo a identificar se deve estar alerta para o desenvolvimento do seu filho, identificando a necessidade de pedir ajuda:

0 – 1 ano

Não reage à estimulação sonora;

Não reage ao outro;

Não mantém contacto ocular;

1 – 2 anos

Não brinca;

Não compreende ordens simples ex.: “Dá a bola”;

Não combina duas palavras para formar frases Ex.: “Papá carro”;

2 – 3 anos

Não forma frases;

Discurso pouco compreensível;

4 – 5 anos

Leque de vocabulário pouco diversificado;

Diz palavras pouco inteligíveis;

Tem um discurso incoerente;

Tem dificuldade em recontar histórias ou em narrar acontecimentos da sua rotina;

Muitos pais acreditam que a entrada para o 1º Ciclo pode ser uma solução para algumas das lacunas apresentadas pelos filhos. No entanto, esta não deve ser encarada como a opção aceitável. Se as dificuldades que uma criança apresenta durante a idade pré-escolar não forem resolvidas precocemente, poderão repercutir-se em dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, comprometendo o sucesso escolar e consequentemente o seu desenvolvimento psicossocial.

Outras crianças apresentam, durante a idade pré-escolar, um desenvolvimento aparentemente adequado à sua faixa etária, no entanto, à entrada para a escola observam-se dificuldades no processo de aprendizagem da leitura e escrita, que podem estar associados a défices linguísticos, não identificados anteriormente através da fala.

De algumas dificuldades que possam surgir destacam-se:

Troca de letras; omissão de letras e sílabas; união de palavras; dificuldade na escrita de frases;

dificuldade em extrair significado do que lê.

No caso de identificar um ou mais destes sinais, ou se tiver dúvidas quanto ao desenvolvimento do seu filho, pode recorrer a profissionais especializados no desenvolvimento da criança que o esclareçam.

Os Terapeutas da Fala são os profissionais responsáveis pela avaliação e intervenção nas perturbações da comunicação, linguagem, fala, motricidade orofacial e alimentação, podendo ajudá-lo a compreender o que faz parte de um desenvolvimento adequado daquele que necessita de auxílio especializado.

Lembre-se que para consultar um Terapeuta da Fala não é necessário que a criança apresente um diagnóstico clínico. Muitas delas podem evidenciar pequenas lacunas que com recurso a estratégias e alterações dos comportamentos dos cuidadores podem ser solucionadas, quando detetadas precocemente.

Retirado de  

XI Congresso Nacional de Intervenção Precoce

1 de Outubro de 2013 Deixe um comentário

XI Congresso Nacional de Intervenção Precoce – Intervenção Precoce nos Problemas da Comunicação: perturbações da linguagem e espectro do autismo

As perturbações da linguagem, comunicação e do espectro do autismo (PEA), assumem grande importância em crianças de idade pré-escolar. Este facto deve-se não só à elevada prevalência desta patologia nesta faixa etária, mas também às dificuldades relacionadas com aspetos do diagnóstico e intervenção.

Têm surgido importantes avanços no desenvolvimento de instrumentos que facilitam o diagnóstico cada vez mais precoce, permitindo uma intervenção mais atempada nas PEA, envolvendo práticas mais naturalistas e desenvolvidas cada vez mais nos contextos de vida da criança e família.

A complexidade do sistema de comunicação sociolinguístico e a sua interdependência com o desenvolvimento nos outros domínios, torna a intervenção, tarefa difícil.

Nesse sentido, dedicámos este Congresso Nacional de Intervenção Precoce, ao desenvolvimento de vários temas, como seja: Identificação precoce e teorias-chave para compreensão das Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), Continuum de práticas para a abordagem dos desafios nucleares das Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), etc…

Este ano, para além de profissionais “domésticos” com experiência na área, optámos por convidar a Profª Pamela Wolfberg (EUA), com relevante currículo na área da intervenção precoce no autismo, assim como a Profª Marilyn Espe-Sherwindt (EUA) colaboradora incontornável nas nossas formações e especialista no envolvimento das famílias.

Gostaríamos este ano de obter uma ampla participação de profissionais do SNIPI, nomeadamente com a partilha das suas experiências, sob a forma de POSTERS, que traduzam as suas práticas.

APRESENTAÇÃO DE POSTERS

Os participantes no Congresso são convidados a enviarem propostas para apresentação de Posters, nomeadamente com a partilha das suas experiências e práticas.

Data limite para submissão das propostas: 15 de outubro de 2013.

Ao apresentar a sua proposta inclua a seguinte informação:

• O título do poster
• O nome do autor e co-autores.
• Contacto de e-mail e telefone/telemóvel.
• Resumo, que não deverá exceder as 250 palavras.
• Indicar até três palavras-chave.
• Referir os requisitos audiovisuais.

Envie a sua proposta para o e-mail: anip.sede@mail.telepac.pt.

A apresentação de posters exige a inscrição no Congresso de pelo menos um dos autores.

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