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Archive for the ‘Saúde Infantil’ Category

Bruxismo infantil

10 de Março de 2015 Deixe um comentário

bruxismo infantilArtigo escrito por Soraia Oliveira, médica dentista.

O bruxismo designa o hábito de apertar ou ranger os dentes, geralmente durante o sono ou em alguns casos durante o dia, acompanhado de som.

A causa mais conhecida para esta parafunção é o stresse emocional. As crianças são seres em desenvolvimento que captam as emoções das pessoas em seu redor, que têm de lidar com uma lista infindável de situações stressantes: mudanças constantes, responsabilidades e atividades em excesso, discussão ou divórcio dos pais, nascimento de um irmão ou problemas escolares.

Cada vez mais a ciência relaciona a origem do bruxismo com atividades do sistema nervoso central, mais precisamente, alterações no nível de dopamina, como também é evidente maior frequência de sintomas em crianças com necessidades especiais ou hiperativas. Outras prováveis causas são as doenças respiratórias (obstruções das vias aéreas e alergias) e deficiências nutricionais.

O diagnóstico do bruxismo deve ser estabelecido o mais precoce possível. As consequências aparecem ao longo do tempo. A mais grave parece ser o desgaste dentário, já que é irreversível, e a reconstrução dentária não apresenta a longevidade esperada, pois facilmente as restaurações caem ou fraturam. Com o excesso de movimento muscular as crianças queixam-se de dor nos maxilares ao acordar e durante as refeições bem como dores de cabeça, ouvidos e articulação temperomandibular (ATM). Socialmente, os indivíduos que vivem com a criança sofrem com o som caraterístico da atrição dentária. Como não existe uma fórmula mágica, devido à complexidade deste fenómeno, o médico dentista identifica e orienta estratégias clínicas de preservação dos dentes até à remissão da parafunção, que pode incluir o uso de “placa de bruxismo em acrílico” para a criança dormir, a partir do momento em que erupcionam os primeiros dentes definitivos.

É possível minimizar as hipóteses de ter bruxismo infantil através do acompanhamento periódico da criança pelo médico dentista que estará atento aos possíveis sinais e sintomas. Por vezes, o apoio do pediatra, psicólogo, otorrino e terapeuta da fala é fundamental.

Metilfenidato

3 de Julho de 2014 Deixe um comentário

Ritalina®, Concerta® e Rubifen®

metilfenidatoO nome químico da Ritalina é Metilfenidato. De resto, existem outros nomes comerciais para a mesma substância como Concerta ou Rubifen. Por isso, neste texto usamos a designação farmacológica genérica. Algumas pessoas pensam que o medicamento se destina a tornar mais fácil a vida de quem lida com as crianças hiperativas. Tal não é verdade, as crianças com défice de atenção sofrem consequências extremamente sérias, e privá-las de um tratamento eficaz é tão grave quanto medicar em excesso. De resto, deve-se considerar o medicamento um parceiro de outras intervenções, nomeadamente psicológicas, que se tornam mais eficazes em crianças corretamente medicadas.

O Metilfenidato é um medicamento recente?

O Metilfenidato começou a ser usado no tratamento do défice de atenção nos EUA há mais de 60 anos. É por isso uma substância largamente experimentada, cuja segurança é atestada por milhões de crianças a quem foi administrada. O Metilfenidato é, provavelmente, o medicamento com ação sobre o Sistema Nervoso das crianças melhor estudado.

Como funciona?

Diferentes partes do cérebro exercem diferentes funções, como uma empresa bem organizada. Acontece que cada secção usa uma linguagem própria, isto é, as células responsáveis por certa tarefa utilizam para comunicar entre si uma determinada substância. A zona do cérebro responsável pela atenção, e capacidade de antecipar consequências e organizar tarefas, (lobos frontais), usa uma substância química chamada Dopamina. As crianças com défice de atenção têm uma relativa diminuição da Dopamina. O que o Metilfenidato faz é repor valores normais de Dopamina, para que as células responsáveis pela concentração possam funcionar. No fundo a situação não é muito diferente da diabetes. Os diabéticos têm níveis baixos de uma hormona, a insulina, que é importante para que as células se alimentem. Por isso, é lhes administrada Insulina adicional.

É eficaz?  

O Metilfenidato é a forma mais eficaz de tratar o défice de atenção. O seu sucesso é muito alto, atingindo 80% de bons resultados. Note-se, contudo, que 2 em cada 10 crianças não respondem ao medicamento. Nesses casos, é legitimo rever o diagnóstico. Métodos de intervenção psicológica muitas vezes são úteis complementos do medicamento, mas pouco eficazes quando utilizados isoladamente. De notar que não é rara a associação do défice de atenção a outras alterações do comportamento, como sejam conduta de oposição e desafio. Esses problemas necessitam de um cuidado e tratamento específico.

Em todas as idades?  

O medicamento é usado sobretudo em crianças em idade escolar, mas é eficaz em todas as idades, incluindo adultos e crianças em idade pré-escolar.

Quando deve ser usado?  

O Metilfenidato deve ser usado quando é feito o diagnóstico de défice de atenção. Não faz sentido esperar, se os sintomas prejudicam a criança. Em crianças muito pequenas devem primeiro ser ensaiados métodos psicológicos.

Durante quanto tempo?

Uma vez utilizado, deverá ser mantido enquanto for necessário, isto é, enquanto persistirem as queixas que levaram ao seu uso. Todos os anos o medicamento é suspenso por um período para se verificar se persiste o défice de atenção. Se ele se mantiver, o medicamento é reiniciado.

Deve-se parar no fim-de-semana e nas férias?  

Não há necessidade de suspender o medicamento durante o fim-de-semana ou as férias, embora possa haver circunstâncias em que o médico opte pela paragem do remédio nesses períodos.

É perigoso quando há um esquecimento e a criança não toma o medicamento?  

Não. O medicamento pode ser suspenso em qualquer altura sem necessidade de desmame. A criança simplesmente volta ao estado anterior.

O Metilfenidato causa habituação ou dependência?  

Não. Muita gente se interroga sobre o potencial abuso do medicamento. O problema, contudo, não é a administração excessiva do remédio, mas sim o esquecimento de o tomar, por crianças com défice de atenção. É verdade que jovens com perturbação de hiperatividade e défice de atenção têm uma maior incidência de problemas de abuso de drogas e dificuldades legais, mas está largamente demonstrado que quando eficazmente tratados, a incidência desses problemas é reduzida. Tal não é de admirar, dado que as crianças não tratadas têm muitas vezes marcada baixa da autoestima, o que pode ser invertido com o manejo adequado do problema.

Qual a diferença entre as diversas “marcas” do medicamento?  

Existem diferentes formas comerciais do medicamento. O Rubifen tem 4 horas de ação, enquanto a Ritalina LA tem 8 e o Concerta 12 horas. A Ritalina LA tem a vantagem de o conteúdo da cápsula poder ser dissolvido ou disperso em água, leite, compota ou outro alimento, desde que não muito quente. É também consideravelmente mais barato que o Concerta, que tem a vantagem não desprezível de ter uma ação mais longa, cobrindo também o período entre o fim das aulas e o jantar. O Rubifen é o mais barato, mas terá de ser dado várias vezes ao dia. O médico pondera todos estes fatores na escolha da formulação mais adequada ao seu paciente.

É um medicamento seguro?  

Qualquer medicamento tem efeitos acessórios potenciais. O Metilfenidato é um medicamento extremamente seguro, com décadas de utilização em milhões de crianças. Muitas pessoas ficam preocupadas ao ler a bula do medicamento com o número e variedade de potenciais consequências do medicamento. Contudo, é necessário perceber que muitas delas são extremamente raras, e que a associação de outras ao Metilfenidato não é segura, mas tem que ser registada por razões legais. A diminuição do apetite é uma consequência frequente do Metilfenidato. Por esse motivo, o peso deve ser medido com regularidade. Há formas de combater a perda de peso, assegurando pelo menos duas boas refeições, ao pequeno-almoço e ao jantar, quando a ação do medicamento não está presente. Dependendo da hora da administração também pode haver alguma dificuldade em adormecer. Algumas crianças poderão ficar excessivamente sonolentas outras mais “excitadas”. A modificação da dose diminui estes sintomas. As dores de cabeça e dores abdominais não são raras na primeira ou segunda semana, mas habitualmente não são muito intensas e não obrigam à suspensão do medicamento. Qualquer medicamento pode ser causa de alergia e o Metilfenidato não é exceção. Não existem, a longo prazo, consequências nefastas que possam ser atribuídas de forma segura ao medicamento. Não é claro se este diminui o crescimento das crianças. Alguns estudos parecem apontar para que o tamanho em adultos das crianças com e sem Metilfenidato seja semelhante. Também parece que as crianças com défice de atenção tendem a ter uma puberdade mais tardia, pelo que durante um período podem ser mais baixas que a maioria dos seus colegas. A relação entre o Metilfenidato e o aparecimento de tiques não é clara. Não é raro surgirem tiques em crianças a tomar o Metilfenidato, embora seja possível que estes não sejam provocados pelo medicamento, já que os tiques são comuns em rapazes com défice de atenção.  O medicamento pode ser tomado com a maior parte dos remédios comuns, (antibióticos, analgésicos, antipiréticos), mas deve ser suspenso no dia de uma anestesia geral.

Porquê receita para estupefacientes?

É natural que as pessoas se interroguem quanto à razão de ser da necessidade de receitas especiais. Essa interrogação é por nós partilhada, já que na nossa opinião não tem qualquer justificação científica. Sobretudo com a formulação de libertação lenta, o potencial de abuso é praticamente nulo. Outros medicamentos muitíssimo mais procurados para utilização abusiva são prescritos em receitas comuns.

Qual o rigor do que se lê na internet?

A net tem numerosos sites com informação distorcida ou até falsa e enganadora. Alguns desses sites são financiados por empresas concorrentes das que produzem o Metilfenidato. É preciso ter em atenção que o que vem na net não é avaliado por profissionais ou especialistas da matéria. Procure os sites de entidades acreditadas, como associações de profissionais ou famílias.

Nota:

Todas as pessoas que tomam remédios diariamente necessitam de vigilância médica regular. A periodicidade ideal das visitas é de 4 em 4 meses, no mínimo duas vezes por ano. Poderá ser prudente a realização de análises de 6 em 6 meses. Lembre o seu médico se ele não o fizer. O “Concerta” deverá ser tomado a seguir ao pequeno-almoço SEM mastigar. O “Concerta” NÃO é divisível. A cápsula de Ritalina LA poderá ser aberta e o medicamento misturado com alimentos. Leia com atenção a bula do medicamento. Se subsistirem dúvidas ligue para o CADIn e peça para falar com o seu médico assistente.

Pobreza na infância “encolhe” cérebro

4 de Novembro de 2013 Deixe um comentário

Nascer e crescer numa família desfavorecida tem impacto negativo no desenvolvimento cerebral, mais especificamente a nível do volume do cérebro, conclui um estudo publicado no “JAMA”, que vem confirmar que o meio ambiente também influencia, positiva ou negativamente, o desenvolvimento do sistema nervoso central.

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, estudaram a forma como a economia familiar influencia o desenvolvimento cerebral, examinando os volumes de diferentes zonas do cérebro (matéria branca e cinzenta, hipocampo e amígdala) num grupo de crianças com idades entre os seis e os 12 anos. As 145 crianças (algumas delas com depressão ou hiperatividade e défice de atenção) foram submetidas, a cada ano, a uma ressonância magnética e a testes psicológicos e psiquiátricos para avaliar outras dimensões do desenvolvimento psicossocial e comportamental.

Os resultados do estudo mostram que a pobreza na infância (descrita como rendimentos anuais inferiores a 23.500 dólares para uma família de quatro pessoas) está associada a um volume menor da matéria branca, do hipocampo e da amígdala.

O problema, sublinham os autores, não decorre diretamente da falta de dinheiro, mas sim do facto de os pais com poucos recursos viverem em stress excessivo e serem menos capazes de proporcionar os devidos cuidados aos filhos. Por outro lado, os filhos de famílias pobres vivem também mais situações de stress, como mudanças de escola, que influenciam o seu desenvolvimento.

Estas alterações a nível cerebral podem traduzir-se em diferentes problemas ao longo da vida, como depressão, dificuldades de aprendizagem e dificuldade em enfrentar situações de stress.

Retirado de Pais & Filhos.

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Avanços em Pediatria do Neurodesenvolvimento – uma abordagem transdisciplinar

20 de Setembro de 2013 Deixe um comentário

VIII seminário

Coimbra dias 24 e 25 de Janeiro de 2014

Os Seminários de Pediatria do neurodesenvolvimento (PND) organizados pela Sociedade de PND da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) vêm sendo realizados com uma periodicidade trienal sendo este o oitavo.

A PND é uma área de diferenciação da Pediatria que agrega, em trabalho diário, diferentes pro­fissionais, nomeadamente da educação, da psicologia, das terapias, do serviço social, da  enfermagem, de outras especialidades médicas e sempre em conjunto com as famílias e a comunidade onde as crianças estão inseridas.

Informações mais detalhadas na página da Associação de Saúde Infantil de Coimbra.

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Exame Neurológico do Recém Nascido

20 de Junho de 2013 Deixe um comentário

Dra Fátima Pinto – Pediatra  (Desenvolvimento Infantil)

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